CARTÓRIO SANTA CRUZ – DESDE 1875 REGISTRANDO CAMPINAS
Atrasando o relógio do tempo, vamos voltar a 1722, quando o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (o então chamado pelos índios de ANHANGUERA, ou seja, Diabo Velho), partiu da então Vila de Piratininga com a missão de encontrar a Serra dos Martírios, onde, segundo uma lenda, deveria esconder grande quantidade de preciosidades.
Acompanhavam esta expedição homens e mulheres, brancos, negros, índios, mamelucos, mulatos, lusos e espanhóis. A medida que iam avançando pelo interior, parte deles resolveu ficar em nossa terra, e as primeiras construções começaram a surgir em três núcleos. O primeiro, onde hoje é a Nova Campinas, outro, nas imediações da atual Igreja do Carmo, e o terceiro no chamado Largo Santa Cruz. A fama do Largo Santa Cruz atraiu os viajantes que se dirigiam para Goiás e mais tarde transformou-se em local de pouso para eles.
Por interesse de um grupo de Piratininga (atual município de São Paulo) e sob a tutela do governador foi criada a primeira sesmaria na região, então denominada “MATO GROSSO”. Com extensão de uma légua, ela se localizava nas imediações da atual Matriz do Carmo, que foi o local próximo de onde fora construída a primeira igreja provisória de nossa cidade em 17 de maio de 1728.
Muitos eram os interessados nesta terra então chamada de “CAMPINAS DE MATO GROSSO” e que, embora não tivesse um centro comercial, já possuía mais de quatrocentas pessoas, entre brancos livres e escravos, segundo o recenseamento de 1767.
Assim, os moradores da nova população achavam que podiam ter sua independência da chamada Vila de Nossa Senhora do Desterro de JUNDIAÍ. Em 14 de julho de 1774, Francisco Barreto Leme foi nomeado fundador e diretor da nova povoação da “FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DAS CAMPINAS DE MATO GROSSO” e, em uma capela rústica, feita de barro socado e coberta de palha foi celebrada a primeira missa. As pessoas acotovelaram-se para assistir à celebração feita pelo Frei Antônio de Pádua. Os que não puderam entrar, ajoelharam-se pelo lado de fora. Neste mesmo dia foram batizadas várias crianças, e dentre elas uma neta do fundador do povoado, Francisco Barreto Leme.
Assim nasceu Campinas!
A criação dos CARTÓRIOS de Registros Civis de nossa Campinas, deu-se em 1870 e o chamado Cartório Santa Cruz, o Segundo Subdistrito de Campinas, foi instalado em 1875. Por uma divisão judicial em nossa comarca, onde predominava a religião católica, e pelas raízes de sua própria história, foram criados dois “cartórios” os quais receberam as seguintes denominações: o primeiro, “CONCEIÇÃO” (atual Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais do Primeiro Subdistrito de Campinas) em homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira desta cidade; o segundo, “SANTA CRUZ” (atual Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais do Segundo Subdistrito de Campinas) em virtude de um dos locais que deram início a formação de nossa cidade, o chamado Largo de Santa Cruz.
Somente alguns anos mais tarde, em 1934, quando iniciava o crescimento industrial de Campinas, com consequente aumento populacional, é que houve uma outra divisão judicial de Campinas e assim foi criado e instalado o Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais do Terceiro Subdistrito de Campinas, então conhecido Cartório da VILA INDUSTRIAL (hoje Cartório das Amoreiras). De alguns anos para cá a maior expansão, ou melhor, a explosão de crescimento deu-se naquela região, tanto demográfica como industrialmente, fazendo com que aquele subdistrito já fosse subdividido com a formação de mais dois distritos: Ouro Verde e Campo Grande.
Muitos foram os oficiais, os escreventes e os auxiliares que deram grande parte de suas vidas por um trabalho tão dignificante, tão participativo da vida e da história das famílias desta cidade de Campinas. Registraram grande parte dos nascimentos, dos casamentos, lavraram óbitos, enfim os melhores momentos, e até os mais tristes das gerações que passaram e as que passarão por esta vida.
É muito bom sabermos amar toda estas relíquias, ver os primeiros assentos de nascimento dos brasileirinhos filhos de estrangeiros que aqui colocavam suas esperanças. Ver os assentos de nascimento do nosso povo comum e dos filhos dos escravos, para garantir suas posses aos senhorios. Os nascidos brancos eram os menos registrados e, na maioria, o batismo prevalecia como documento oficial, assim como os casamentos realizados pelas igrejas.
Aí está a grandiosidade do Registro Civil na base, na formação da sociedade como um todo. Os arquivos estão conservados e haveremos de fazê-los sobreviver para que os futuros campineiros, e porque não o mundo, possam usufruir dessa relíquia. Poucos sabem do valor, da preciosidade e da importância do acervo que deverá ser guardado e conservado permanentemente, observando que a tecnologia poderá querer extinguir o que está em papel, tornando os livros objetos virtuais.
Quando o cartório cobra um documento, não se está cobrando por “aquele papel” como muitas pessoas acham, porém tudo fica implícito, inclusive toda a conservação e manutenção do acervo que parte fica na própria serventia, e outra guardada em lugar seguro, apropriado e microfilmado.
Este é um pedacinho, um pouquinho de nossa história para elucidar o orgulho de pertencermos ao quadro funcional do CARTÓRIO SANTA CRUZ, patrimônio de nossa Campinas.
Marismênia Spínola de Melo Pereira, oficial registradora
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